Wednesday, May 03, 2017

A frustração faz parte da vida

Faz um tempo escrevi um texto aqui sobre como precisamos aprender a conviver com a frustração para podermos aprender um idioma (ou qualquer outra coisa, na verdade).

Um leitor, na ocasião, achou a palavra frustração muito forte. Escreveu ele: "Ana, gostei do texto. Só nao agradei do verbo que voce usa: frustrar.

Acho que nao seria a palavra adequada. É pessimista. E pode causar erros de compreensao. Da a impressao de que aprender outro idioma voce sofre ou que aprende sofrendo.

Acredito que o sentido que voce quis dar a palavra, é o mesmo que esforço e dedicaçao."

Achei o comentário muito bom para retomar a discussão, ainda que muito tempo depois.

A palavra que usei foi escolhida de propósito. É de frustração mesmo que estou falando. Para mim, a frustração é um sentimento que nos acompanha desde o nascimento: o que é o primeiro choro do bebê a não ser a frustração de ser arrancando daquele lugar quentinho e seguro onde morou por nove meses e ser envolvido pelo barulho ensurdecedor e o frio do mundo "aqui fora"?
Conforme vamos crescendo, vamos aprendendo, na família e na sociedade, como lidar com essa emoção que nasce conosco. Dependendo da educação que tenhamos, podemos aprender a usar a frustração para nos desafiar, para tentarmos ser melhores, para avançar. Ou podemos aprender a espernear, xingar, culpar o outro e desistir.
Para aprender um idioma, você primeiro precisa saber em que categoria se encaixa. Se costuma desistir quando se frustra, provavelmente não vai aprender um idioma estrangeiro ou vai aprender com muito sofrimento. 
Agora, se você é daqueles que usa a raiva por não ter conseguido algo para servir como força propulsora para tentar novamente e com mais determinação, então, provavelmente, vai gostar dos desafios que toda aprendizagem de uma nova língua  apresenta. E o aprendizado vai ser um prazer.

Se quiserem saber o que outras blogueiras acham do assunto, vale a pena ler o texto da Sandra Barros, psicóloga e coach e da jornalista Eliane Brum.

Gostaria muito de ler sua opinião sobre o tema aqui! Não me frustem por favor... :-)
Beijos e obrigada, leitores. 


Fonte do Clipart gratuito do frustrado aí em cima. 

6 comments:

Felipe Mantovani said...

Excelente post e muito parte da minha vida no momento. Concordo plenamente com a parte de ser preciso aprender a viver com a frustração (e com o sofrimento também). Apoio também a escolha da palavra frustração. Muita gente tenta ser otimista e ver o lado positivo das coisas, o que é fundamental para lidar com a frustração; mas contanto que nos demos conta que a realidade é a realidade, e que colocar algumas coisas de uma forma mais leve muitas vezes até o sentido real das coisas. Para podermos crescer fortes na vida e lutar contra coisas como a frustração (além de outras coisas ruins, porém necessárias na vida), temos que encarar-las como elas realmente são. Só assim podermos medir as forças apropriadas para tomar medidas adequadas para vencer-las. E isso, é um grande passo no caminho a felicidade e self-actualization.
(se tiver qualquer erro de português me avise, eu tenho escrito cada barbaridade...)

Ana Scatena said...

Felipe, há quanto tempo você me escreveu esse belo comentário! Por uma dessas razões que os deuses da Internet não explicam, nunca cheguei a lê-lo! Que pena!
Mas o seu comentário é sensacional. E sei que você pratica uma a uma as ideias que defende no seu texto. Muito obrigada! Volte sempre para comentar. Tenho muita curiosidade para saber aonde a sua briga com as frustrações o levou. Beijo grande.

Unknown said...

Como dizia o Suassuna, o Felipe é um realista esperançoso. Bom fazer parte desse club. Bom receber seus e-mails, Ana. Obrigado!

Ana Scatena said...

Seja bem-vindo ao clube! obrigada.

LuisR said...

Concordo plenamente. E acho até que essa frustração também acontece na aprendizagem da língua materna. As línguas são muito vastas e complexas para poderem ser dominadas completamente. No caso da língua estrangeira, à frustração de nunca conseguir dominá-la na totalidade, junta-se aquela de ver que ela flui tão naturalmente e sem esforço para seus falantes nativos. Argh!

Ana Scatena said...

I hear you, brother! Para quem é professor ou tradutor, não poder dominar a LE totalmente é uma frustração diária, permanente, Tem de estudar sem parar todos os dias, por toda a vida. Obrigada por comentar, Luis! Bjo grande.