Wednesday, May 23, 2012

Não torça o nariz para os quitutes da Maria Luiza!


A leitora Maria Luiza me pergunta, a respeito do texto sobre implicância alimentar, como dizer em inglês, “Alguém que torce o nariz para os meus quitutes”.
Primeiro, pensei que quitutes seria bem traduzido por delicacies, plural de delicacy. Mas resolvi investigar outros sinônimos e descobri outra verdadeira delícia, não culinária, mas vocabular: kickshaw!
Meu incansável e inseparável dicionário (www.answers.com/) online, gratuito, com som, tradução para várias línguas e etimologia da palavra, mais uma vez não me falhou.
Segundo o Answers (olha a intimidade com o dicionário!), kickshaw deriva do francês quelque chose (qualquer coisa), no sentido de algo especial, bom, como em “Essa musse de chocolate está qualquer coisa (de bom)!”
Quanto à expressão torcer o nariz, em português significa o mesmo que desaprovar, desdenhar. Poderíamos traduzir como disapprove, disparage. Contudo, como temos aí uma expressão idiomática relacionada a uma expressão facial, ou seja, o ato de franzir ou torcer o nariz para demonstrar que desgostamos de algo, creio que para uma boa tradução, o melhor seria escolher uma expressão que guardasse uma maior proximidade entre a idéia comunicada em português e a traduzida para o inglês. Sendo assim, acredito que torcer o nariz, em inglês, fica bem traduzido como frown on/upon, que significa franzir a testa. Muda a parte do rosto sendo franzida, mas a idéia é a mesma. :-)
E vejam só o que descobri em outro ótimo dicionário gratuito online: frown deriva do francês, froigner, que significa, literalmente, virar o nariz para cima, ou seja, torcer o nariz! Fascinante, não?
Assim, Maria Luiza, sua frase ficaria:
“Someone who frowns on/upon my kickshaws.”
Agora você já pode dizer para esses inconvenientes que ousam desdenhar da sua culinária: “Don’t frown upon my kickshaws!” (“Não torçam o nariz para meus quitutes!”).
Ressalto que tanto a palavra quitutes como kickshaws não são muito frequentes nos seus idiomas de origem, por isso a tradução de quitute para kickshaw ser apropriada nesse contexto. Ambas as palavras têm um tom mais formal. Além disso, a expressão frown on/upon também é usada em contextos menos informais. Um termo mais coloquial para expressar a mesma ideia seria look down on. Ex.: They looked down on the food I had worked so hard to prepare. (Eles desdenharam / fizeram pouco da comida que me esforcei tanto para preparar.)
Viram como tradutor sofre? Rsrsrsrs... Não basta saber a palavra no outro idioma. Temos de saber quem falou, para quem falou, com que intenção e em que contexto sociocultural... E depois traduzir tudo isso e não necessariamente todas as palavras. Mas isso é assunto para outro post.

Thursday, May 17, 2012

Quanto tempo leva para se preparar para o TOEFL

Muitos leitores me perguntam quanto tempo é necessário para alguém se preparar para fazer o TOEFL.
Vou explicar essa questão aqui fazendo uma comparação com a seguinte pergunta:
Quanto tempo se leva para chegar até o Rio de Janeiro?
A resposta é: depende...
Depende do quê?
Primeiro de tudo: de onde você está partindo? Se estiver em Macapá pode levar mais tempo do que se estiver em São Paulo.
Segundo: como você vai fazer a viagem? A pé, de carro, de avião? Isso interfere no tempo que a viagem vai durar.
Terceiro: do que você precisa para fazer essa viagem? Para começar, disposição, motivação (interna ou por pressão externa, como ter de ir a trabalho, por exemplo). Depois, tempo e dinheiro. Isso vai variar dependendo das condições da viagem. Se quiser chegar mais rápido, vai precisar investir mais. Se não quiser ou não puder investir muito, vai precisar de mais tempo ou conseguir outros meios financeiramente mais viáveis.
Assim é com o TOEFL.
O que determina quanto tempo você vai precisar para se preparar depende muito dos seus pontos de partida e de chegada. O ponto de partida é: quanto inglês você já sabe. O ponto de chegada é: a nota que você precisa alcançar no exame.
A leitora Elaine Pereira me pergunta se duas horas de estudos por dia  são suficientes. Para determinar isso, só sabendo em que nível a pessoa está (ponto de partida) e qual a nota e em quanto tempo a pessoa precisa estar com o resultado (ponto de chegada). Voltando à metáfora da viagem: Consigo chegar ao Rio de Janeiro andando duas horas por dia? Depende de onde você está saindo e a que velocidade anda por dia. Ou seja, depende de quanto você já sabe de inglês (ponto de partida) e de quanto vai conseguir aprender em duas horas por dia (rendimento da aprendizagem) além de qual resultado você precisa alcançar (ponto de chegada).
No TOEFL não há uma nota mínima de aprovação. Em princípio, pessoas de qualquer nível de conhecimento de inglês podem fazer o exame e receber uma nota (um score). Essa nota permite a empresas e escolas que utilizam o TOEFL como referência para escolher candidatos,  saber quanto de inglês essa pessoa pode entender e produzir, indo do nível mais iniciante ao mais avançado, que seria semelhante ao de um falante nativo e com boa instrução formal.
Para determinar seu ponto de partida, leia as sugestões aqui.
Beijo a todos e boa viagem! :-)

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Monday, May 14, 2012

Mais sobre o TOEFL

Hoje publico o e-mail de um leitor aflito. Devia ter feito isso há muito tempo, mas só posso escrever em minhas escassas horas vagas, as quais ultimamente não tenho tido.
Mas antes tarde do que nunca. Leiam a carta, pois sei que há muitas pessoas que podem se identificar com o problema; depois, leiam minhas sugestões.

Estimada Ana,

Hoje entrei pela primeira vez em seu Blog. Fiquei realmente encantado. Muito claro e objetivo. Não é cansativo e motiva-nos.
Meu interesse, além de aprimorar o inglês, era obter informações sobre o TOEFL. Encontrei muita coisa e esclareci muitas dúvidas.
Permita-me invadir seu precioso tempo, mas preciso de uma orientação.
Fiz inglês na escola Escola X. Terminei. Mas fiquei com um gostinho amargo na boca. Era o que, financeiramente, me permitia.
Atuo na área internacional de uma grande empresa brasileira, mas estou deficiente no idioma.
Procuro auto-motivação lendo artigos de revistas e jornais internacionais, mas perco-me na complexidade das frases. (Time, News Week, CNN, Business Week, etc.)
O site que mais aciono diariamente é o da Wharton University e da Business & Strategy, os quais me atualizam em diversos segmentos que gosto.
No site da Wharton baixei vários podcasts, os quais ouço e leio o texto, o que é fascinante.
No carro, durante meu percurso até o trabalho, onde perco 40 min. pela manhã e mais 40 min, no fim da tarde, passo ouvindo os podcasts que baixei.
Obviamente a atenção ao trânsito coloca minha mente “acho” que 50% (será??) disponível para absorver o vasto conteúdo.
Bem, estou frustrado, pois depois de 1 ano agindo assim, ainda tenho pouco vocabulário e dificuldade para conversação.
Quero mudar isso. Desejo obter o TOEFL no início de 2013. Para tanto quero dispender 2 horas por dia de dedicação do idioma.
Please help me ! Vou conseguir? Sozinho? Não disponho de muito recurso para pagar  Escola Y, Escola Z, etc. Voltar a escolas do nível da Escola X me preocupa.
Professor particular? Será?
Puxa, desculpe o longo texto, pois estou desesperado, pois preciso desenvolver meus negócios particulares também na área internacional, mas meu inglês é medíocre.
Um grande abraço e parabéns. Já estou divulgando seu blog na minha rede de relacionamentos, pois é condicionante de sucesso para pessoas que se encontram no mesmo caminho que eu !
V. M.

Caro V.M.,
Muitas pessoas se encontram em sua situação. Realmente, estudar inglês é caro pois é um investimento de longo prazo, principalmente para o mundo dos negócios, que exige fluência para negociações.
Há muitas escolas por aí, mas nem todas têm o mesmo nível. Há algumas que prometem mais do que é possível. Sempre desconfie daquelas que prometem fluência muito rápido e compare número de horas oferecido em cada uma. Nunca compare meses ou anos. Pergunte: qual o total de horas em cada estágio e para o curso todo? Só assim você vai saber quanto está pagando por hora/aula e quanto tempo estará realmente em contato com o idioma.
Sobre sua maneira de estudar ouvindo e lendo, acho boa, desde que te traga os resultados esperados. Como você não tem visto resultados, seria bom mudar de estratégia. Talvez você precise ouvir os CD sem outras distrações.
Para o Toefl, recomendo primeiro conhecer bem o exame e depois fazer muitos exercícios. No site oficial do exame há simulados (cobrados). Você pode fazer uma seção do exame por algo como 6 dólares ou o exame todo, por cerca de 45 dólares. O exame é feito online e você recebe uma avaliação do seu desempenho.  Com isso em mãos, você pode focar sua aprendizagem e, caso não consiga avançar sozinho depois de um tempo de estudo, consiga um professor particular profissional para tirar dúvidas. A parte de Speaking precisa ser praticada com um profissional, que vai corrigir seus erros e ajudá-lo a superar dificuldades.
O site com os simulados pagos é este: http://toeflpractice.ets.org/
Também fico à disposição aqui para tirar dúvidas. 
A minha experiência me mostra que a principal característica das pessoas que conseguem bons scores no TOEFL é a disciplina para estudar todos os dias e não se deixar abater pelas dificuldades e fracassos temporários.
Volte sempre ao Blog para obter mais informações e aquela força para continuar animado. Você consegue!
Bjo
Ana Scatena

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Monday, May 07, 2012

Vai tirar a roupa íntima para provar o vestido?

Outro dia pedi para provar um vestido que vi numa vitrine. Por baixo do vestido havia uma camiseta de alcinhas. A vendedora me perguntou: “Você quer provar com a underwear por baixo?” Pensei: “Ela está me perguntando se quero experimentar a roupa vestindo minha roupa de baixo (underwear)? Mas é óbvio que sim! Por que eu tiraria minha roupa de baixo para provar um vestido?”

Depois dessa rápida confusão semântica, compreendi que estava com meu vocabulário de moda (ou vocabulário fashion?) defasado. Em minha cabeça, a camiseta de alcinhas chamava-se, ainda, camiseta de alcinhas. Mas parece que hoje em dia chama-se underwear.

Acho engraçado como a moda vai mudando o nome das roupas, fazendo parecer que o mesmo é outra coisa. Uma camiseta de alcinhas, por mais que se modernize seu corte, o tecido ou a tecnologia com que é fabricada, continua sendo uma camiseta de alcinhas. Por que chamá-la com outro nome? Se fosse para deixar mais claro do que se trata, eu entenderia. Mas não é o caso.

Lembro-me que no final da década de 90 entrei numa loja e pedi para ver uma camiseta da vitrine. A vendedora, num tom reprovador, me perguntou se eu queria ver o top que eu apontava. Pensei comigo, “Em inglês, top pode ser qualquer coisa que se use na parte de cima de algo; uma tampa de panela pode ser chamada de top; qualquer peça de roupa usada acima da cintura pode ser um top, como um sutiã de biquini, por exemplo.” Achei melhor não perder meu tempo explicando aquilo tudo. E me recuso, até hoje, a pedir para ver um top quando quero ver uma camiseta, um sutiã, uma blusa ou uma jaqueta numa loja.

Mas agora parece que camiseta nem top é mais; virou underwear. E já ouvi o termo sendo usado, adequadamente, para designar camiseta feminina, com alcinhas ou com mangas, camiseta masculina e cuecas. Digo adequadamente porque as camisetas antigamente serviam como roupa íntima. E as cuecas também, embora atualmente muitos homens as ostentem puxadas acima das calças para mostrarem que são fashion!

Em inglês, qualquer roupa íntima pode ser chamada de underwear (sob + vestir = under + wear). O problema é que se trata de um termo amplo, que designa uma categoria, ou seja, várias peças do vestuário. Se temos em português os nomes para essas peças, por que recorrermos ao inglês? Ainda mais, como no caso que citei no início, de forma redundante. Quando se diz under, o sentido é sob, por baixo. Dizer que vou provar uma roupa com a underwear por baixo é um desperdício de palavras, de fôlego, de energia e de tempo. Além disso, a palavra não especifica de que peça se está falando. Ou seja, usamos o mesmo número de palavras, só que para comunicar com menos precisão:
Quer provar o vestido com a underwear por baixo?
Quer provar o vestido com a camiseta por baixo?


O que vocês acham disso? Será que estou implicante demais?