Vejo muitas pessoas que desistem fácil diante da menor dificuldade quando precisam fazer trabalhos, provas ou qualquer outra atividade escolar que requeira um pouco (às vezes muito pouco mesmo) de empenho e interesse. Qualquer motivo é pretexto para desistir da tarefa:
- dormi tarde ontem
- esse exercício é bobo
- estou cansado/a
- esse assunto é chato
- está muito frio (ou quente) na sala para me concentrar
- estou com gripe
A lista pode ir longe...
Ocorre que, para aprender, é preciso esforço e capacidade de frustrar-se e de adiar as recompensas (um futuro melhor, um bom emprego, uma melhor qualidade de vida). Isso se a pessoa é insensível ao grande prazer que é descobrir o novo, claro.
Para quem foi educado para gostar de aprender - sim, isso se aprende, sim! - todo dia é dia e toda hora é hora de descoberta. E a escola proporciona muitas delas.
Eu mesma tive de enfrentar muitas e muitas dificuldades para poder fazer faculdade, mas o que me movia era o gosto pelo conhecimento, que havia aprendido em casa com meus pais e meus irmãos. Nada me desestimulava: nem sono, nem gripe, nem chuva, nem ter de pegar 8 ônibus(sim 8, e ainda andar a pé uns bons pedaços) por dia para trabalhar como professora e fazer a faculdade!
E todas essas dificuldades só me ensinaram: a ser planejada para ter tempo de fazer tudo que precisava, para pegar o ônibus na hora certa, para calcular quanto dinheiro tinha para o almoço e se dava para comprar aquela blusa nova. Habilidades que depois vieram a ser úteis na minha carreira profissional.
Ao desistir diante de qualquer dificuldade o aluno se priva de desenvolver importantes formas de raciocínio, além de perder a chance de adquirir conhecimento científico sobre o mundo.
Para quem quer mesmo aprender, nada serve de desculpa. Sempre tive orgulho do meu esforço e da minha persistência. Mas hoje li algo no jornal que fez minhas dificuldades parecerem irrisórias e minha persistência, a coisa mais fácil do mundo.
Compartilho a história com os leitores para que se inspirem e, assim, quando bater aquela preguicinha e vontade de desistir, pensem duas vezes antes de deixar para lá.
Eu me recolho à minha muito mole vida, comparada à dessa menina da notícia. Beijos and keep on trying!!
Clipart gratuito baixado daqui.
Neste blog compartilho minha experiência como professora, professora de professores, tradutora, e autora de materiais didáticos para a aprendizagem das línguas inglesa e portuguesa. Professores, alunos e tradutores, seus comentários serão muito bem-vindos!
Wednesday, December 10, 2014
Tuesday, November 25, 2014
O Passado Simples em Inglês com Manteiga
O passado simples em inglês só é simples no nome... :-)
Na verdade, é na interrogativa e na negativa que a coisa se complica, por causa do uso do auxiliar DID, para o qual não existe correspondência em português.
Mas não temam! Nada que muitas horas de treino e estudo não resolvam! :-)
Para quem já tem um conhecimento básico de inglês, sugiro algumas aulas de vídeo, muito claras e didáticas, que achei no YouTube. A professora Jennifer tem uma pronúncia deliciosa e explica com exemplos e exercícios como funciona esse tempo de verbo. Além disso, ensina como pronunciar o -ed final dos verbos regulares.
A única coisa ruim das aulas da Jennifer é ver que ela come ovo frito em um tantão de manteiga, de noite (!), e ainda continua seca de magra. Que raiva! Grrrrr!
Fora isso, bons estudos!
Aula 1 -
Aula 2 -
Aula 3 -
Aula 4 -
Monday, November 10, 2014
Numa open house entra quem quer
Quando forem inaugurar a casa nova, não digam que vão fazer uma open house, ou vou me sentir no direito de levar a família inteira para comer de graça! :-)
Open house é termo que corresponde a "aberto à visitação" em português, para indicar que uma casa pode ser visitada por interessados em comprá-la ou alugá-la. Nas casas à venda no Brasil vemos placas assim:
Casa em exposição
ou
Corretor de Plantão
Nos Estados Unidos vemos:
Open House
Ou seja, se vocês forem fazer uma open house, quer dizer que qualquer um passando na rua pode entrar. Então, cuidado!
A expressão adequada para dizer em inglês inauguração de casa ou apartamento é "housewarming", que significa algo como "fazer o esquenta da casa".
"You're invited to my housewarming (party)" significa "Você está convidado/a para a festa de inauguração da minha casa."
Se quiserem usar a expressão em inglês, digam: "Vou fazer um housewarming." E não: "Vou fazer uma open house."
Mas que tal dizer em bom português: "Vou fazer a inauguração da casa"?
Algumas pessoas acham chique usar palavras em inglês, mas acabam criando o efeito contrário, pois dizem algo que confunde em vez de explicar. Trocando em miúdos: Se você diz "vou fazer uma open house da minha casa nova" para alguém que não sabe inglês, vai constranger a pessoa pois ela terá de perguntar do que se trata. E, se você disser a mesma coisa para uma pessoa que sabe inglês, ela vai pensar que você está abrindo sua casa para visitação de possíveis compradores.
Então, na dúvida, consulte sempre um professor de inglês! :-)
O site do convite gratuito é aqui.
Open house é termo que corresponde a "aberto à visitação" em português, para indicar que uma casa pode ser visitada por interessados em comprá-la ou alugá-la. Nas casas à venda no Brasil vemos placas assim:
Casa em exposição
ou
Corretor de Plantão
Nos Estados Unidos vemos:
Open House
Ou seja, se vocês forem fazer uma open house, quer dizer que qualquer um passando na rua pode entrar. Então, cuidado!
A expressão adequada para dizer em inglês inauguração de casa ou apartamento é "housewarming", que significa algo como "fazer o esquenta da casa".
"You're invited to my housewarming (party)" significa "Você está convidado/a para a festa de inauguração da minha casa."
Se quiserem usar a expressão em inglês, digam: "Vou fazer um housewarming." E não: "Vou fazer uma open house."
Mas que tal dizer em bom português: "Vou fazer a inauguração da casa"?
Algumas pessoas acham chique usar palavras em inglês, mas acabam criando o efeito contrário, pois dizem algo que confunde em vez de explicar. Trocando em miúdos: Se você diz "vou fazer uma open house da minha casa nova" para alguém que não sabe inglês, vai constranger a pessoa pois ela terá de perguntar do que se trata. E, se você disser a mesma coisa para uma pessoa que sabe inglês, ela vai pensar que você está abrindo sua casa para visitação de possíveis compradores.
Então, na dúvida, consulte sempre um professor de inglês! :-)
O site do convite gratuito é aqui.
Tuesday, November 04, 2014
Quando foi que laquê virou hair spray?
Conforme o tempo passa, por várias razões, algumas palavras deixam de ser usadas e são esquecidas. Só continuam existindo no museu das palavras. Com as gírias é muito comum isso acontecer. O que hoje é brega, na década de 70 era boko moko, gíria inventada para anunciar uma marca de refrigerante. Quem não tomava a bebida gasosa era boko moko, não tinha bom gosto, estava por fora, ou out, como se diz hoje em... português (???!!!?)
Mas há palavras que não são gíria e mesmo assim desaparecem ou são substituídas por outras.
Por exemplo, quem aí ainda compra creme rinse? Novidade mercadológica na década de 70 (pelo menos lá em casa, onde toda novidade chegava com anos de atraso pela falta de dinheiro...), o creme rinse servia para deixar os cabelos mais desembaraçados depois da lavagem. Era um creme de enxágue (que falta ainda sinto de colocar o trema nos grupos gue, gui, que , qui em que o u é pronunciado...Fica parecendo que usei xampu mas ficou faltando creme rinse). Rinse em inglês é enxaguar. Claro que estou falando do atual condicionador. Quando creme rinse virou condicionador eu não sei. Mas é uma mudança boa: de duas palavras para uma e, caso raro no Brasil, uma palavra em inglês substituída por outra, também vinda do inglês, mas com pronúncia e grafia já abrasileiradas. Verdadeiro milagre.
Quem cresceu ouvindo dizer creme rinse corre o risco de deixar o termo escapar por aí e ter de arcar com as consequências (ai, que saudade do trema!). Uma delas é não ser compreendido na farmácia e a outra, ser tachado de velho!
Eu mesma passei por uma saia justa um dia em que entrei em uma loja para comprar condicionador e na minha memória só vinha creme rinse! Entre dar pista da minha idade e passar por maluca, me refugiei na segunda opção. Comecei a rodopiar pela loja apontando e balbuciando: Querooooo, queroooo, ééééé, querooo... Até que achei o vidro e disse: Aquilo ali. A vendedora me olhou meio espantada. Acho que dei uma de lelé (outra palavra em desuso?). Mas não entreguei a idade! :-)
Uma outra situação foi quando precisei comprar meias e pedi à vendedora um par de meias fumê. A vendedora me perguntou: "O quê?". Repeti mais alto: Fumê!, achando que ela não tinha me ouvido. Ela me respondeu: "Não conheço que meia é essa". Eu, muito surpresa, pensei: isso é que dá não ensinarem mais francês na escola. Fumê vem de fumée, esfumaçado. Até aquele dia eu achava que a cor entre preto e cinza se chamava fumê, como eu havia dito toda a minha vida. Expliquei para a atendente que se tratava de uma cor e pedi para ela me mostrar quais havia na loja. Então, de novo, usei o recurso de apontar. Ela me disse, aliviada: "Ah, tabaco!" Mais um ponto para a língua portuguesa! Uma palavra de pronúncia estrangeira (fumée, do francês)) substituída por uma também de origem estrangeira (tabaco, do árabe), mas com a pronúncia e grafia já abrasileiradas o que, portanto, facilita a comunicação.
E isso aconteceu no mundo da moda, em que o caminho costuma ser o contrário: tiram a palavra em português e colocam uma em inglês, geralmente, para ficar mais chique... Nesse caso, saiu a palavra de origem francesa e entrou uma palavra já constante do dicionário da língua portuguesa.
Mas afinal, que palavras usadas por falantes brasileiros são genuinamente portuguesas? Será que isso existe? Afinal, o português veio galego e do latim vulgar , que já era uma variação do latim clássico. E nosso belo idioma tem constantemente se enriquecido com vocábulos do grego, do árabe (de onde vem tabaco), do francês, do italiano e de muitas outras. Portanto, achar que é possível termos uma língua pura, sem interação com outros idiomas é uma bobagem. O que eu defendo é que não usemos palavras emprestadas de outras línguas quando já temos um vocábulo consagrado (de uso corrente) em nosso idioma. Isso acaba criando confusão, dificultando a comunicação e excluindo quem não participa do grupinho que usa o termo substituto para algo que já tem um nome na língua corrente (por exemplo: chamar roxo de beringela, ou rosa choque de pink, ou, mais recentemente, chamar a cor gelo de off-white... Poupe-me!)
Bem, voltando ao tema das palavras que somem...
Se quiser tomar uma vaia (termo antigo para pagar um mico), vá ao cabeleireiro (Ou é boko moko chamar cabeleireiro de cabeleireiro? Preciso dizer hair stylist?) e peça para ele passar laquê no seu penteado (me dei conta de que não sei como se fala penteado hoje em dia... parece uma palavra antiga...acho que atualmente se diz cabelo: vou fazer um cabelo para o casamento...hahahaha... engraçado dizer fazer um cabelo, mas acho que é assim que se diz agora... fazer penteado: out, fazer cabelo: in!)
Pior que esse mico, só sair para passear de touca ou bobs no cabelo...
Mas há palavras que não são gíria e mesmo assim desaparecem ou são substituídas por outras.
Por exemplo, quem aí ainda compra creme rinse? Novidade mercadológica na década de 70 (pelo menos lá em casa, onde toda novidade chegava com anos de atraso pela falta de dinheiro...), o creme rinse servia para deixar os cabelos mais desembaraçados depois da lavagem. Era um creme de enxágue (que falta ainda sinto de colocar o trema nos grupos gue, gui, que , qui em que o u é pronunciado...Fica parecendo que usei xampu mas ficou faltando creme rinse). Rinse em inglês é enxaguar. Claro que estou falando do atual condicionador. Quando creme rinse virou condicionador eu não sei. Mas é uma mudança boa: de duas palavras para uma e, caso raro no Brasil, uma palavra em inglês substituída por outra, também vinda do inglês, mas com pronúncia e grafia já abrasileiradas. Verdadeiro milagre.
Quem cresceu ouvindo dizer creme rinse corre o risco de deixar o termo escapar por aí e ter de arcar com as consequências (ai, que saudade do trema!). Uma delas é não ser compreendido na farmácia e a outra, ser tachado de velho!
Eu mesma passei por uma saia justa um dia em que entrei em uma loja para comprar condicionador e na minha memória só vinha creme rinse! Entre dar pista da minha idade e passar por maluca, me refugiei na segunda opção. Comecei a rodopiar pela loja apontando e balbuciando: Querooooo, queroooo, ééééé, querooo... Até que achei o vidro e disse: Aquilo ali. A vendedora me olhou meio espantada. Acho que dei uma de lelé (outra palavra em desuso?). Mas não entreguei a idade! :-)
Uma outra situação foi quando precisei comprar meias e pedi à vendedora um par de meias fumê. A vendedora me perguntou: "O quê?". Repeti mais alto: Fumê!, achando que ela não tinha me ouvido. Ela me respondeu: "Não conheço que meia é essa". Eu, muito surpresa, pensei: isso é que dá não ensinarem mais francês na escola. Fumê vem de fumée, esfumaçado. Até aquele dia eu achava que a cor entre preto e cinza se chamava fumê, como eu havia dito toda a minha vida. Expliquei para a atendente que se tratava de uma cor e pedi para ela me mostrar quais havia na loja. Então, de novo, usei o recurso de apontar. Ela me disse, aliviada: "Ah, tabaco!" Mais um ponto para a língua portuguesa! Uma palavra de pronúncia estrangeira (fumée, do francês)) substituída por uma também de origem estrangeira (tabaco, do árabe), mas com a pronúncia e grafia já abrasileiradas o que, portanto, facilita a comunicação.
E isso aconteceu no mundo da moda, em que o caminho costuma ser o contrário: tiram a palavra em português e colocam uma em inglês, geralmente, para ficar mais chique... Nesse caso, saiu a palavra de origem francesa e entrou uma palavra já constante do dicionário da língua portuguesa.
Mas afinal, que palavras usadas por falantes brasileiros são genuinamente portuguesas? Será que isso existe? Afinal, o português veio galego e do latim vulgar , que já era uma variação do latim clássico. E nosso belo idioma tem constantemente se enriquecido com vocábulos do grego, do árabe (de onde vem tabaco), do francês, do italiano e de muitas outras. Portanto, achar que é possível termos uma língua pura, sem interação com outros idiomas é uma bobagem. O que eu defendo é que não usemos palavras emprestadas de outras línguas quando já temos um vocábulo consagrado (de uso corrente) em nosso idioma. Isso acaba criando confusão, dificultando a comunicação e excluindo quem não participa do grupinho que usa o termo substituto para algo que já tem um nome na língua corrente (por exemplo: chamar roxo de beringela, ou rosa choque de pink, ou, mais recentemente, chamar a cor gelo de off-white... Poupe-me!)
Bem, voltando ao tema das palavras que somem...
Se quiser tomar uma vaia (termo antigo para pagar um mico), vá ao cabeleireiro (Ou é boko moko chamar cabeleireiro de cabeleireiro? Preciso dizer hair stylist?) e peça para ele passar laquê no seu penteado (me dei conta de que não sei como se fala penteado hoje em dia... parece uma palavra antiga...acho que atualmente se diz cabelo: vou fazer um cabelo para o casamento...hahahaha... engraçado dizer fazer um cabelo, mas acho que é assim que se diz agora... fazer penteado: out, fazer cabelo: in!)
Pior que esse mico, só sair para passear de touca ou bobs no cabelo...
Para onde vão as palavras quando ficam velhas?
Mário Sérgio Cortella afirma que as pessoas não ficam velhas. O que fica velho é aparelho de TV (ou televisor, como se dizia na minha infância), geladeira, fogão. O homem se renova a cada dia, se torna novo a cada mudança. É uma bela visão e tenho de concordar com ela. Se tivermos o cuidado e a sorte de que nossa mente não se degenere, podemos nos fazer novos a cada dia, como a avó de uma grande amiga minha que, aos mais de noventa anos, dizia que só iria para o asilo quando ficasse velha. Ou como a mãe de Caetano Veloso, que ao completar um centenário de vida disse que só iria comer mingau no dia em que ficasse velha. Que mingau é comida de doente e de idoso e ela não é nenhuma das duas coisas. Que maravilha envelhecer assim! Ou seria melhor dizer "que maravilha rejuvenescer assim"?
Mas esse é um blog sobre palavras, então, vamos a elas.
Numa comparação com a visão que temos no Brasil e em muitos países ocidentais, as pessoas idosas caem em desuso, não servem mais, a não ser para atrapalhar. Ficam esquecidas e abandonadas. Assim é com algumas palavras também. Muitas, na verdade!
As palavras também são abandonadas com o tempo. Ninguém mais se lembra de algumas delas, que ficam vivas apenas na memória das pessoas mais velhas ou acabam indo para o museu das palavras. A palavra escrita, no meu modo de ver, é o museu das palavras que caem em desuso na boca do povo.
Quando paramos de falar certas palavras, elas somem das conversas, dos noticiários, dos programas de entretenimento e só permanecem vivas nos livros, revistas, jornais, páginas de Internet e outras publicações antigas. Ninguém se lembra delas a não ser que "visite" um desses "museus". Na leitura encontramos palavras de que já não nos lembrávamos mais ou que nunca havíamos ouvido antes, como quando lemos Machado de Assis ou mesmo um jornal ou revista de 10 anos atrás...
Ainda bem que temos a língua escrita para manter viva a riqueza do nosso vocabulário e para nos mostrar as mudanças pelas quais o idioma passa. Nós o usamos e o modificamos e também somos modificados por ele. Ainda bem que temos na palavra escrita um museu das palavras, para manter essa memória viva!
Mas esse é um blog sobre palavras, então, vamos a elas.
Numa comparação com a visão que temos no Brasil e em muitos países ocidentais, as pessoas idosas caem em desuso, não servem mais, a não ser para atrapalhar. Ficam esquecidas e abandonadas. Assim é com algumas palavras também. Muitas, na verdade!
As palavras também são abandonadas com o tempo. Ninguém mais se lembra de algumas delas, que ficam vivas apenas na memória das pessoas mais velhas ou acabam indo para o museu das palavras. A palavra escrita, no meu modo de ver, é o museu das palavras que caem em desuso na boca do povo.
Quando paramos de falar certas palavras, elas somem das conversas, dos noticiários, dos programas de entretenimento e só permanecem vivas nos livros, revistas, jornais, páginas de Internet e outras publicações antigas. Ninguém se lembra delas a não ser que "visite" um desses "museus". Na leitura encontramos palavras de que já não nos lembrávamos mais ou que nunca havíamos ouvido antes, como quando lemos Machado de Assis ou mesmo um jornal ou revista de 10 anos atrás...
Ainda bem que temos a língua escrita para manter viva a riqueza do nosso vocabulário e para nos mostrar as mudanças pelas quais o idioma passa. Nós o usamos e o modificamos e também somos modificados por ele. Ainda bem que temos na palavra escrita um museu das palavras, para manter essa memória viva!
Friday, October 31, 2014
Halloween
O Halloween, conhecido como Dia das Bruxas no Brasil e celebrado no dia 31 de outubro em várias partes do mundo, tem a origem de seu nome em All Hallows Eve, que significa véspera (eve) de todos (all) os santos (hallows). A celebração é assim chamada porque acontece na véspera do dia primeiro de novembro, quando os católicos celebram o Dia de Todos os Santos. Essa é uma das explicações para a origem do nome dessa festividade, embora nem todos os filólogos concordem. Mas, como dizem os italianos, Si non è vero, è bene trovato, ou seja, se não é verdade, (pelo menos) é bem inventado. :-)
Em alguns países, como nos Estados Unidos, as crianças se fantasiam e saem trick or treating, ou seja, pedindo guloseimas (treats) em troca de não aprontarem travessuras (tricks) com os donos da casa. É uma chantagem (blackmailing) gastronômica e altamente calórica. Mas nada grave comparado a certas coisas que estamos acostumados a ler nos jornais brasileiros.
Ah, sim, e as fantasias podem ser de qualquer coisa: Super-Homem, Bruxa, Princesa, Cozinheiro, Político (Afe!). No Brasil, a comemoração não é parte da cultura, mas tem sido disseminada pelos cursos de inglês e as pessoas acham que precisam usar fantasias relacionadas ao tema: Bruxas, Vampiros, Múmias e outros quejandos. Mas, nos países onde a celebração tem longa tradição, vale qualquer fantasia, como no Carnaval no Brasil.
Para uma visão muito bem humorada sobre o Halloween, fica aqui a dica de um livrinho de história baseado em texto de Jerry Seinfeld (e narrado por ele!)
Tuesday, October 14, 2014
Aumento de vocabulário
Vocês já repararam que, basta alguém se tornar celebridade, a primeira medida é essa pessoa aumentar alguma coisa? Por exemplo, é só alguma instant celebrity sair de um desses shows de realidade e o primeiro passo, se for mulher, é aumentar os seios. Se for homem, aumentar os músculos (o que vocês pensaram que eu iria escrever? :-). Para ambos os sexos, aumentar o cachê, aumentar as aparições em público...
Mas nenhum deles se preocupa em aumentar o vocabulário, o grau de instrução, o nível de conhecimento...
Isso diz muito sobre o que se valoriza no Brasil: tendo a aparência "certa", está tudo resolvido. Você não precisa nem ter sobrenome. Basta ser o ou a Fulano(a) do XXX e a vida está ganha: as portas se abrem. Conhecimento é coisa para zé-mané (otário no Rio de Janeiro e loser em inglês americano.)
Sonho com o dia em que essas celebridades instantâneas começarão a dizer:
"Agora que saí do confinamento, vou contratar um professor de português e aumentar meu vocabulário para poder expressar melhor meus sentimentos e idéias e para compreender melhor o mundo que me cerca..."
Será que um dia isso acontece? Comentários aí embaixo, por favor! :-)
Ilustrações gratuitas aqui.
Mas nenhum deles se preocupa em aumentar o vocabulário, o grau de instrução, o nível de conhecimento...
Isso diz muito sobre o que se valoriza no Brasil: tendo a aparência "certa", está tudo resolvido. Você não precisa nem ter sobrenome. Basta ser o ou a Fulano(a) do XXX e a vida está ganha: as portas se abrem. Conhecimento é coisa para zé-mané (otário no Rio de Janeiro e loser em inglês americano.)
Sonho com o dia em que essas celebridades instantâneas começarão a dizer:
"Agora que saí do confinamento, vou contratar um professor de português e aumentar meu vocabulário para poder expressar melhor meus sentimentos e idéias e para compreender melhor o mundo que me cerca..."
Será que um dia isso acontece? Comentários aí embaixo, por favor! :-)
Ilustrações gratuitas aqui.
Wednesday, July 23, 2014
Cursos de inglês para fins específicos
Por força do trabalho, cada vez mais as pessoas precisam aprender inglês, ou outro idioma, para desempenharem suas tarefas com competência.
Assim, operadores de máquinas podem aprender a ler em inglês para entender os painéis de controle em uma indústria, por exemplo. Nesses casos, entre 40 e 80 horas de aula de estratégias de leitura habilitam o profissional a compreender textos em sua área profissional. Com aulas particulares, esse tempo pode ser reduzido pela metade, dependendo dos objetivos de leitura do aluno. Muitos alunos que tive nessa área de estratégias de leitura alcançaram suas metas com apenas 20 horas de aulas.
Uma pessoa pode também ter aulas apenas de redação, para passar em um teste com essa exigência, ou para se comunicar por e-mail com a sede da empresa em que atua.
Um locutor de rádio pode ter aulas de pronúncia e entoação, para ler os nomes das músicas tocadas na programação.
Uma executiva ou profissional liberal pode precisar preparar-se para assistir a uma conferência. Nesses casos, focamos as habilidades que serão prioritárias no evento, combinando, por exemplo, estratégias de leitura, compreensão oral e conversação para fazer perguntas e participar de discussões. Se a pessoa já possui uma certa fluência em inglês, o tempo de treino pode ser de cerca de 15 a 20 horas.
Para as pessoas muito ocupadas para ter aulas com frequência semanal, essa é uma ótima opção para não abandonar os estudos. É possível planejar um ano de atividades para períodos em que o profissional esteja menos sobrecarregado. Tive um aluno em uma empresa, por exemplo, que só fazia aulas antes de viagens de negócios. Organizávamos um curso de imersão para cada ocasião, com um mês de aulas, 8 horas por dia. Durante aquele mês trabalhávamos as habilidades necessárias para que ele desempenhasse bem suas funções em inglês nos Estados Unidos.
Os cursos preparatórios para exames também funcionam assim: voltados para as necessidades mais imediatas dos alunos. Entre os mais procurados estão o TOEFL, o IELTS e o TOEIC.
Essa modalidade de ensino é chamada de "inglês para fins específicos" (em inglês, ESP - English for Specific Purposes) e tem por objetivo capacitar a pessoa para atuar em uma determinada forma do uso da língua. Por isso, esses cursos são mais curtos e, consequentemente, menos onerosos do que os cursos de inglês geral, que podem durar de 3 a 7 anos ou mais, dependendo da escola e do nível que o aluno pretenda alcançar.
UI, que dor!
Imagine esta cena:
Um cliente entra em uma loja de roupas masculinas e pede:
–Preciso comprar um teirno.
– Para que ocasião?
– Uma viagem de negóucios.
– Então, recomendo um tecido que não amasse na maila.
– Ótimo.
– Vou buscar alguns para o senhor escolher. Aceita uma água ou um suico enquanto espera?
– Não, obrigado.
Notou alguma coisa esquisita?
Primeiro: loja que oferece água e suico enquanto o cliente espera, só para os muito abonados!
Segundo: que jeito esquisito de falar é esse, gente? SuIco? MaIla?
Pois é, esse mesmo esquisito é o que pode causar estranheza ao ouvido de um falante nativo de inglês quando alguém diz:
/suit/ , em vez de /sut/ para dizer terno em inglês (suit)
/bíuzines/, em vez de /bíznes/ para dizer negócios em inglês (business)
/suitkeizi/, em vez de /sútkeis/ para dizer mala em inglês (suitcase)
/juis/, em vez de /djus/ para dizer suco em inglês (juice)
Colocar U e I onde não se deve provoca um problema que chamo de UI, ou seja, dor de ouvido em quem escuta. Brincadeirinha! 😀 Na verdade, o problema é a gente não ser entendido quando coloca o som a mais na palavra.
Treine bem as palavras acima, portanto, para não sair por aí provocando UI nos outros!😉
E, para ter certeza de não ter uma recaída, sempre que passar aquele chatomercial do espremedor de suco - chamado pomposamente de juicer (juicer) - , mude imediatamente de canal (mesmo porque o comercial é muito longo e aborrecido!)
Todo professor de inglês sabe o estrago que uma propaganda com pronúncia inadequada em palavras inglesas faz na aprendizagem dos alunos.
Depois de o aluno ouvir um milhão de vezes aquela palavra repetida na propaganda, o pobre do professor fica em desvantagem na hora de ajudar a pessoa a acostumar com a pronúncia mais adequada.
Que professor (pelo menos os mais...digamos... maduros e experientes) não sabe da dificuldade para o aluno memorizar a pronúncia adequada de:
Success – lembram da marca de xampu? A propaganda dizia /SÂkces/, quando, na realidade, a sílaba tônica é a segunda: /sâkCÉS/.
Police – lembram da série Police Woman, professores experientes? A chamada para o programa anunciava /PÓlis/, quando a sílaba tônica, na verdade, é a segunda: /pâLÍS/.
Para ajudar meus alunos, costumo comparar com a palavra em português: poLÍcia – poLÍce; pelo menos o pessoal mais novo - mas nem tanto - sabe pronunciar certo por causa da banda The Police.
Agora temos esse famigerado infomercial (nome pomposo para propaganda que não acaba nunca) do Juicer, que vai deixar professores desta e de futuras gerações de cabelo em pé para ajudar os alunos a lembrarem da pronúncia adequada dos que crescerem ouvindo o I onde não deve!
UI, meu ouvido! ☺
* Cliparts que ilustram este post.
Monday, July 07, 2014
Para aprender um idioma, primeiro aprenda a frustrar-se
Como meus leitores sabem, estou aprendendo espanhol ou, pelo menos, tentando.
Quem diz que espanhol é fácil, nunca tentou aprender mesmo...
Claro que a gramática e o vocabulário são muito parecidos com o português e que ler em espanhol é sopa (gíria velha!) comparado com ler em tcheco, russo ou hebraico, etc, etc.
Mas tentem aprender os verbos direitinho, memorizando toda a conjugação com a grafia e pronúncia corretas. E o mais difícil ainda: tentem usar corretamente os verbos numa conversa...quando não dá tempo de pensar... Nossa! Que difícil! Mas estou me esforçando. Faço exercícios em livros, na internet e peço para a professora me tomar o ponto (expressão velha!)
Ou seja, no pain, no gain (sem esforço, não há ganho).
Quem acha que aprender qualquer idioma sem esforço e disciplina é possível, está enganado. Claro que o processo pode ser facilitado por um professor competente e experiente, que tenha boa formação pedagógica e profundo conhecimento do idioma. Bons materiais e uma metodologia dinâmica ajudam. Agora, sem esforço do aluno para praticar, buscar oportunidades para ouvir, falar, ler e escrever o idioma, fica muito complicado.
O Ulisses Wehby, do ótimo blog Tecla SAP, tem um texto muito bom com 10 dicas infalíveis para aprender um idioma. Logo no início ele já avisa que infalível não quer dizer simples nem fácil. Acrescento que também não quer dizer rápido...
Percebo isso muito claramente nos meus estudos de espanhol. Inúmeras vezes a professora tem de corrigir e explicar a mesma coisa, que juro que eu havia aprendido, mas que, na hora de falar, me escapa. Isso acontece por várias razões, que explicarei em um outro post. Por isso a persistência é tão importante.
E isso fica mais difícil com a frustração que acontece a cada etapa, a cada aula, a cada fala. Os erros são inevitáveis, por maior que seja o empenho, o esforço e a concentação. E continuarão a ocorrer, por muitos e muitos anos. No início, mais frequentes; depois, cada vez menos, mas sempre presentes.
Assim, eu acrescentaria à lista do Ulisses um 11º item: capacidade de conviver com a frustração.
Se você não conseguir persistir e manter-se motivado diante das frustrações, dificilmente vai falar um idioma estrangeiro. Por isso, é importante saber que frustrar-se é parte inerente ao processo de aprendizagem de uma língua. Minhas aulas de espanhol nunca me deixam esquecer disso... Mesmo assim, o prazer de falar um outro idioma supera tudo.
Espero que este post sirva de incentivo para que você, leitor, comece ou continue sua aprendizagem com muita determinação. A recompensa é muito boa!
Clipart gratuito aqui.
Quem diz que espanhol é fácil, nunca tentou aprender mesmo...
Claro que a gramática e o vocabulário são muito parecidos com o português e que ler em espanhol é sopa (gíria velha!) comparado com ler em tcheco, russo ou hebraico, etc, etc.
Mas tentem aprender os verbos direitinho, memorizando toda a conjugação com a grafia e pronúncia corretas. E o mais difícil ainda: tentem usar corretamente os verbos numa conversa...quando não dá tempo de pensar... Nossa! Que difícil! Mas estou me esforçando. Faço exercícios em livros, na internet e peço para a professora me tomar o ponto (expressão velha!)
Ou seja, no pain, no gain (sem esforço, não há ganho).
Quem acha que aprender qualquer idioma sem esforço e disciplina é possível, está enganado. Claro que o processo pode ser facilitado por um professor competente e experiente, que tenha boa formação pedagógica e profundo conhecimento do idioma. Bons materiais e uma metodologia dinâmica ajudam. Agora, sem esforço do aluno para praticar, buscar oportunidades para ouvir, falar, ler e escrever o idioma, fica muito complicado.
O Ulisses Wehby, do ótimo blog Tecla SAP, tem um texto muito bom com 10 dicas infalíveis para aprender um idioma. Logo no início ele já avisa que infalível não quer dizer simples nem fácil. Acrescento que também não quer dizer rápido...
Percebo isso muito claramente nos meus estudos de espanhol. Inúmeras vezes a professora tem de corrigir e explicar a mesma coisa, que juro que eu havia aprendido, mas que, na hora de falar, me escapa. Isso acontece por várias razões, que explicarei em um outro post. Por isso a persistência é tão importante.
E isso fica mais difícil com a frustração que acontece a cada etapa, a cada aula, a cada fala. Os erros são inevitáveis, por maior que seja o empenho, o esforço e a concentação. E continuarão a ocorrer, por muitos e muitos anos. No início, mais frequentes; depois, cada vez menos, mas sempre presentes.
Assim, eu acrescentaria à lista do Ulisses um 11º item: capacidade de conviver com a frustração.
Se você não conseguir persistir e manter-se motivado diante das frustrações, dificilmente vai falar um idioma estrangeiro. Por isso, é importante saber que frustrar-se é parte inerente ao processo de aprendizagem de uma língua. Minhas aulas de espanhol nunca me deixam esquecer disso... Mesmo assim, o prazer de falar um outro idioma supera tudo.
Espero que este post sirva de incentivo para que você, leitor, comece ou continue sua aprendizagem com muita determinação. A recompensa é muito boa!
Clipart gratuito aqui.
Wednesday, February 05, 2014
A Distância Aproxima!
Quando o preconceito injustificado contra a aprendizagem a distância vai começar a desaparecer?
A maior crítica a essa modalidade de ensino é que a qualidade não é a mesma do ensino presencial.
Pergunto: quando se fala em ensino a distância, de que distância estamos falando? Distância do quê ou de quem?
Um professor em uma sala de aula com quarenta alunos, passando o ponto na lousa, de costas para a classe, está presente mesmo?
Os alunos, rabiscando no caderno, mexendo no celular, dando tapão na cabeça do colega, usando drogas até, estão presentes mesmo?
A distância ou a proximidade entre alunos e professores depende de um ambiente adequado, é claro, mas o ambiente, por si só, não garante a qualidade da interação. E é a boa interação que vai ajudar a despertar ou aumentar o interesse pela aprendizagem.
Minha experiência com ensino a distância, tanto com pequenos grupos de até quinze professores em processo de formação ou atualização profissional, como com alunos particulares, que começou antes do advento do celular, torpedos, twitters e outras formas mais rápidas e mais baratas de comunicação, tem me mostrado que a distância aproxima. Isso soa paradoxal, mas, na verdade, principalmente aquelas pessoas mais tímidas, quando se veem diante da possibilidade de interação com uma menor exposição, ou seja, escrevendo mensagens sem ter de estar diante de uma plateia, ainda que diminuta, sentem-se muito mais à vontade para interagir.
Pessoas tímidas para falar em inglês comigo, quando sugiro uma aula via Skype, com a câmera desligada, soltam o verbo (no bom sentido!). Creio que se sintam mais protegidas quando estão apenas sendo ouvidas e não vistas. Muitas me contam que ficam mais à vontade e que se concentram mais. Por incrível que pareça, a concentração na hora da aula aumenta mesmo. E isso acontece tanto com alunos particulares como com pequenos grupos.
Acho que esse mundo da boa interação a distância (quando essa distância é apenas geográfica, bem entendido!) tem muito que ser explorado e, para isso, muitos preconceitos e pré-conceitos têm de ser superados.
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